A expressão descobrimento do Brasil; tornou-se comum nos livros de história. Ela se refere ao fato de os portugueses terem encontrado uma terra que era até então desconhecida dos europeus. Mas o Brasil não era uma terra desconhecida e sem donos!
Ela era habitada e sua posse distribuída entre diversos grupos entre diversos grupos indígenas que a ocupavam! A idéia de posse e propriedade dos indígenas logicamente não é a mesma da dos portugueses, não tem o mesmo sentido o de propriedade privada.
A posse era coletiva, isto é, não havia um pedaço de terra para cada um ou para cada família, as vastas regiões do Brasil eram ocupadas por nações e tribos. Havia limites mais ou menos estabelecidos, mas não definidos.
As tribos mudavam de lugar de acordo com sua necessidade. A presença portuguesa foi então uma ocupação, pois julgavam os povos não civilizados como desprovidos dos direitos que eles europeus tinham.
Os europeus se julgavam os donos da civilização e das leis, todos os outros povos deveriam portanto, reger-se pelas normas e leis vigentes na Europa (será que isso mudou hoje em dia ou respeitamos o modo de vida diferente de outras culturas?) Há cinco séculos, os portugueses chegaram ao litoral brasileiro, dando início ao processo de migração que se estenderia até o inicio do século XX, e pouco a pouco foram estabelecendo-se nas terras que eram ocupadas pelos povos indígenas. Com os índios civilizados e amigos os portugueses formaram uma nova etnia: os mamelucos.
REAÇÕES DOS INDIOS no Brasil Colônia
A confederação dos Tamoios Em 1555, os franceses tomaram a Baía de Guanabara, lá se instalara com seus comandados, o almirante Nicolau Durand de Villegaignon, que conseguiu uma aliança com os índios da região, os tamoios, inimigos tradicionais dos tupiniquins. Não fora difícil aos franceses conquistar os tamoios, homens altivos, que há tempos lutavam contra portugueses, que pretendiam escraviza-los. No começo da década de 60 estremecia o planalto paulista diante das ameaças dos tamoios, quando algumas tribos tupiniquins nos arredores de São Paulo unem-se a eles. As coisas ficaram difíceis a ponto de obrigar até a transferência dos jesuítas do seu colégio para São Vicente. São Paulo já era uma região cobiçada onde se assentavam muitas hortas, pomares, lavouras de mandioca milho trigo e alguma cana.Os índios atacam a vila da São Paulo sem conseguir toma-la. A presença dos francesas aliada aos saques que os colonos faziam as aldeias e tabas dos índios, acabou por estimular uma aliança entre as tribos de Bertioga a Cabo Frio, que reunia também tribos do interior do Vale do Paraíba: era a Confederação dos Tamoios. As investidas dos confederados se multiplicaram. É quando intervem a experiência do padre Manuel da Nóbrega, que desde 1561 se encontrava em São Vicente, vindo da Bahia. Nóbrega, inimigo da escravização do índio, sente desde logo que há razões de justiça do lado da confederação das tribos e que só uma missão de paz poderá aplaca-la. Decide, pois, ir em pessoa tentar a paz, para a missão convida o padre Anchieta. Anchieta e Nóbrega ouviram por dias e dias o chefe tamoio Caoquira contar os feitos dos bravos guerreiros de sua tribo, vivos e mortos como era costume entre os índios e fazer suas reclamações. Caoquirra manda chamar todos os caciques da região. Nos sete meses passados com os índios os jesuítas conseguiram conquistar a paz. A paz não é duradoura e os tamoios voltam a se confederar e vencem muitas batalhas contra os portugueses, que só conseguem subjuga-los em 1567, quando Estácio de Sá expulsa os franceses e funda um núcleo de povoamento bem fortificado: é São Sebastião do Rio de Janeiro que ali nasce.
COCARES
CIVILIZAÇÃO E COSTUMES
Os espanhóis como os portugueses encontraram no continente americano, povos diversos, com costumes vários e em diferentes estágios de civilização. Os mais atrasados eram os que povoavam a região do Brasil. Os índios, que foram os primeiros donos do Brasil, agora são só 344 mil, perdidos em reservas espalhadas pelo país. As primeiras notícias sobre os índios brasileiros chegaram na Europa na primeira metade do século XVI. Eram histórias de viajantes, náufragos e missionários que viveram nas aldeias indígenas do litoral, basicamente entre grupos do tronco lingüístico tupi (tupiniquins, tupinambás, etc) Os traços culturais destas tribos foram generalizados para todas as tribos do Brasil. Assim durante muito tempo os índios foram considerados como se fossem todos iguais. Hoje sabemos que os indígenas brasileiros não formam um grupo homogêneo. Assim como a língua, também os costumes, as crenças, as formas de organização familiar e social, as técnicas artesanais, a cultura, enfim , variam muito de um grupo para outro. Podemos encontrar um numero de características mais gerais que se aplicam a muitas tribos mas devemos ter em mente que mesmo tais características não podem ser generalizadas para todos os grupos indígenas do Brasil.
Artesanato indígena – cuia
instrumento musical
artesanato indígena
COMO VIVIAM
A organização social básica dos índios é a tribo. Trata-se de um grupo de indivíduos cujas aldeias ocupam uma área próxima, que falam a mesma língua, tem os mesmos costumes e estão ligados uns aos outros por um forte sentimento de unidade. Tal sentimento é tão forte que se mantém unidos mesmo quando não existe nenhum chefe ou conselheiro cuja autoridade se estenda a toda a tribo. O formato das aldeias varia conforme a tribo. Alguns grupos constroem aldeias em forma de círculo, alguns em forma de ferradura, alguns ainda cuja aldeia se compõe de uma única habitação coletiva. Por necessidades básicas de sobrevivência os índios se deslocam periodicamente para locais onde podem encontrar recursos mais facilmente. Os povos mais nômades não dispõem de agricultura, nem cerâmica, nem tecidos e não criam animais domésticos. A economia dos índios era principalmente desenvolvida com instrumentos simples visando à prática da caça usando o arco e a flecha e seu cozimento, em artefatos de barro de barro. A alimentação dos índios era principalmente constituída de peixes, tanto é que foram considerados ótimos nadadores e existem muitas lendas que se referem a lutas entre índios e peixes e muitos mitos que vem das águas. Mas os índios não comiam somente peixes, comiam também bichos e uma das lendas mais engraçadas é que eles não comiam bichos lerdos, pois achavam que estariam comendo a alma deles também e isso faria com que se tornassem lerdos também. A agricultura também fazia em algumas tribos parte de dos costumes indígenas. Eles cultivavam a mandioca, milho, amendoim e o feijão. Pensem: eles também conheciam as fibras como o algodão para produzir tecidos. A organização social do índio se baseava principalmente nas tarefas relacionadas ao trabalho, divididas por idade e sexo. As mulheres cuidavam da casa, das crianças, da roça, fabricação de farinha, a fiação de telagens. Os homens jovens eram responsáveis pela defesa da tribo e expedições guerreiras e pela coleta dos alimentos na caça e pesca, pela derrubada da mata e preparação da terra para o plantio, construção de canoas e armas, construção das casas enquanto que os idosos, tanto os homens quanto as mulheres, ficavam sentados dando conselhos e passando aos mais jovens a sabedoria das tradições da tribo. Uma observação importante a se fazer é que os índios já usavam a queimada para abrir espaços na mata que seriam usados para o cultivo de alimentos. Esta pratica era denominada coivara. Tal sistema é ainda muito utilizado no interior do Brasil. Geralmente as roças pertencem a toda a tribo e o fruto do trabalho é distribuído entre todos, ou seja os índios faziam parte de um comunismo primitivo. Já os instrumentos de caça e pesca, machados, arcos, flechas, facões, enxadas, etc.. costumam ser propriedades individuais. Em relação à religião dos índios podemos ressaltar que eles gostavam de rituais, por exemplo, comemoravam a passagem de um grupo ou indivíduo da vida para a morte. Era comemorada a gestação, o nascimento o casamento, a iniciação da vida adulta, etc. A coisa mais interessante de religião dos índios é que eles não gostavam muito de acreditar em um deus supremo, eles preferiam acreditar em mitos heróis e forças da natureza .Todas as crenças eram passadas de geração em geração. Ligado com a religião era a medicina dos índios tanto que o pajé que era o mais sábio da tribo ele era o elo de ligação entre a religião e os homens. Praticamente ele era "sacerdote e através da magia era "medico". O principal remédio que ele usava era a auto - sugestão e o carisma dele que atuava através da auto sugestão como remédio para cura das principais doenças indígenas. Claramente essa não era a único método usado pelo pajé enquanto os índios conheciam muito bem as plantas medicinais e os poderes medicinais delas e muitos medicamentos vegetais que apresentam resultados surpreendentes, como no caso de picadas de cobra, infecção, picadas de mosquito, feridas etc. Tinham conhecimento de algumas matérias primas como por exemplo na extração do sal, da borracha ,do tecido e até de gases asfixiantes.
COMO OS INDIOS quase DESAPARECERAM
O processo de colonização levou á extinção de muitas sociedades indígenas que viviam no território dominado, seja pela ação das armas seja pelo contágio de doenças trazidas dos países europeus para as quais os índios não tinham anticorpos ou ainda, pela aplicação de políticas visando a "assimilação" dos índios 'a nova sociedade implantada, com forte influencia européia. Embora não se saiba exatamente quantas sociedades indígenas existissem no Brasil 'a época da chegada dos europeus, há estimativas sobre o número de habitantes nativos naquele tempo que variam de 1 a 10 milhões de indivíduos. Estes números nos dão uma idéia da imensa quantidade de pessoas e sociedades indígenas inteiras exterminadas ao longo destes mais de 500 anos, como resultado de um processo de colonização baseado no uso da força, por meio das guerras e da política de assimilação. Da mesma que os brancos procuraram a explicação para a origem dos índios estes também elaboraram explicação para a origem do homem branco. O processo do colonizador do qual os índios brasileiros foram vítimas ocorreu assim: primeiro foram cativados para o trabalho de exploração do pau Brasil em troca de objetos que exerciam fascínio sobre eles; depois veio a escravização e a tentativa de faze-los trabalhar na lavoura da cana de açúcar; suas terras foram sendo tomadas e os que não se submeteram ao colonizador e não conseguiram fugir Brasil adentro, morreram após lutar corajosamente pela sua terra e pela liberdade. Os índios que conseguiram sobreviver eram descaracterizados pela catequese feita pelos jesuítas e da própria convivência com o homem branco. Com isso muitos foram perdendo sua identidade cultural substituindo suas crenças e costumes pelos valores dos colonizadores. Transformaram-se assim em seres marginalizados e explorados dentro da sociedade branca.
fonte: www.projetoindio.hpg.ig.com.br