"Faça o que quiseres pois é tudo da Lei.
O amor é a lei, amor sob a vontade."
Data da Morte do Mago Aleister Crowley
Efectivamente Crowley ficou admirado com os conhecimentos de Pessoa, e sempre pronto a viajar resolveu vir até Portugal, para conhecer o poeta. O encontro não foi assim tão idílico como seria de prever, já que Pessoa deve ter-se apercebido rapidamente dos desequilíbrios psíquicos e espirituais graves que Crowley tinha e ensinava. De qualquer forma prestou-se a colaborar na encenação do suicídio de Crowley na Boca do Inferno, o que permitia a este escapar incógnito não só das suas amantes como até do conhecimento do público. De facto ele tinha sido um agente duplo dos ingleses e dos alemães, e era uma figura cujo paradeiro e actividades, por vezes as mais perigosas, interessava saber-se.
Crowley vinha acompanhado de uma maga alemã, Miss Jaeger, também ela uma figura controversa da cena mágica, tendo escrito cartas a Fernando, assinando com um pseudônimo ocultista.
Aleister Crowley foi um mago da linha cinzenta ou negra, em que o egoísmo predomina sobre o altruísmo e os fins justificam os meios. É sabido como ele utilizou a droga, o sexo e a violência nos seus rituais e na sua vida. Forçosamente que certas pessoas são atraídas por um lado ou outro destes aspectos. Porém, Pessoa nesta idade, já extremamente lúcido e conhecedor dos perigos do ocultismo, não quis naturalmente ligar-se nem com o mago nem com a maga, e seguiu sozinho uma via cada vez mais mística num sentido de adesão aos princípios puros dos Rosa-Cruzes e dos Templários. Era, como ele dizia, um cristão gnóstico e iniciado na Ordem Templária de Portugal.
Crowley viveu algum tempo na Alemanha e morreu em Hastings, Inglaterra.
(Adaptado do livro "Fernando Pessoa na Intimidade", de Isabel Murteira França. Publicações Dom Quixote, Lisboa 1987.)
Influência no rock
Socialmente, Crowley se tornou conhecido devido as referências feitas a ele no rock n' roll dos anos de 1960 e 1970, pelas bandas Led Zeppelin, Rolling Stones, Iron Maiden, The Beatles e Black Sabbath, e pelo cantor Ozzy Osbourne. Essas referências tanto faziam homenagem a ele, quanto criticavam-no.
Os primeiros a citar Crowley em sua obra foram os Beatles. Por serem britânicos, os quatro membros da banda acreditaram que Crowley era uma personalidade influente o bastante para ser colocado na capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Isso possibilitou que os próximos artistas tivessem conhecimento da obra de Crowley, que fazia uma boa combinação com a rebeldia e o anarquismo promovidos pelo rock n' roll.
O cantor e compositor brasileiro Raul Seixas foi um grande divulgador e seguidor da obra de Aleister Crowley. Suas principais canções sobre Crowley e a Thelema são "Sociedade Alternativa", "Novo Aeon" e "Loteria de Babilônia".
Raul Seixas, Paulo Coelho,
a Sociedade Alternativa & a Lei de Thelema
a Sociedade Alternativa & a Lei de Thelema
O início dos anos setenta é guardado com imenso carinho por aqueles que os viveram intensamente, formando a romântica juventude daquele tumultuado período.
O eternamente pouco populoso meio thelêmico não escaparia (felizmente) do romantismo que tomara conta da assim chamada geração para frente Brasil. Entre tantos que estiveram em contato inicial com o assim chamado Sistema thelêmico de realização espiritual, dois nomes despontam, bem mais pelo futuro que o destino lhes reservaria, do que pelo conhecimento, propriamente dito, da matéria elaborada por Aleister Crowley(1975-1947): os nomes são, Raul Seixas e Paulo Coelho.
Raul Seixas conheceu Paulo Coelho em 1973, através de um artigo publicado na revista "A Pomba", do próprio Paulo Coelho. A partir deste momento, nascia a tão famosa parceria musical que viria a projetar os dois no cenário nacional.
Paulo Coelho, então em contato com Marcelo Ramos Motta (1931-1987), tomava suas primeiras instruções sobre Crowley e a Lei de Thelema. O fascínio pela filosofia desenvolvida pelo controvertido mago Inglês, não tardou a contagiar o promissor jovem escritor que, logo em seguida, a apresentaria a Raul Seixas. A vida e a obra dos dois foram fortemente marcadas por este período.
Motta, então, escreve para um de seus discípulos, pedindo para que este se responsabilizasse pelo desenvolvimento de Paulo Coelho, tanto na A.'.A.'. quanto na sua particular versão da "O.T.O.". Marcelo Motta também comporia algumas músicas em parceria com Raul Seixas e Paulo Coelho. Entre as mais famosas estão as belas "A Maçã", "Tente Outra Vez" e "Novo Aeon" (essa ultima em parceria com Cláudio Roberto).
Paulo Coelho, seguindo a orientação de Motta, estabelece contato com a pessoa indicada e esta o aceita como Postulante e Estudante da Lei de Thelema. A significativa troca de correspondência entre Paulo Coelho e seu novo Instrutor durante o período 1973-74 nos dá a certa medida do entusiasmo e dedicação com que Paulo Coelho, desenvolvendo seus estudos, também tomava para si a responsabilidade de divulgação da Obra do controvertido mago Aleister Crowley. Este trecho de uma carta de Paulo Coelho, datada de 26/03/74, nos dá uma idéia de seu entusiasmo, bem como seu envolvimento com a filosofia thelêmica: "... como tomamos [Paulo e Raul] Crowley, principalmente Liber OZ, como base de um estudo social a que nos propomos, gostaria de ouvir e ser constantemente orientado por vocês no sentido de não comprometer nada, falando demais ou falando errado. Informe urgentemente como devemos continuar agindo na divulgação de todos os nossos ideais e nossas idéias."
Seu treinamento mágico teve início formal em 01/01/1974. Em seguida, Paulo Coelho seria admitido na versão pessoal de Motta da "O.T.O.", assumindo como Mote Mágico (ou nome mágico) "Frater Staars". Raul Seixas e Paulo Coelho, inspirados pela Lei de Thelema e pela Obra de Aleister Crowley, também formulariam um movimento que ficou conhecido com A Sociedade Alternativa, cujo hino, a música que leva o mesmo nome, é a própria declaração da Lei de Thelema.
Paulo Coelho, bem mais organizado que Raul Seixas, seguia firme com suas práticas e estudos thelêmicos. No dia 19 de maio de 1974, Paulo Coelho formaliza seu Juramento ao Grau de Probacionista, sendo admitido na A.'.A.'. com o Mote Mágico "Frater Luz Eterna - 313" (e não "Lúcifer", como erroneamente divulgado por certos autores nacionais). Junto a seu Juramento, envia uma carta em que seus ideais ficam expostos de forma bem clara. Nela, Paulo Coelho diz o seguinte:
"Continuamos a divulgar de todas as formas o Liber OZ, [...] A Sociedade Alternativa continua com o sucesso de sua caminhada no sentido de construir as bases sociais para uma verdadeira civilização thelêmica."
No entanto a eternidade de sua luz na senda thelêmica, bem como sua certeza de propósitos em relação a esta filosofia de vida, não iriam durar muito tempo: ironicamente, esta seria sua última missiva dirigida a seu Instrutor. Cinco dias depois, na sua famosa "noite negra do dia 24", Paulo Coelho, junto a outros "subversivos", é preso pela polícia do exército. Sim, ele de fato viu o "diabo" e, muito embora estes não possuíssem rabos pontudos nem chifres e usassem o verde oliva no lugar do vermelho, esse seria - segundo o pouco criterioso modo thelêmico de avaliação - o fim de sua carreira mágica, pelo menos naquilo que diz respeito a Thelema. Na verdade, como um exame mais inteligente demonstraria, este foi o início de sua realização tanto mágica quanto pessoal.
Na época, contudo, provavelmente a forte formação cristã (católica) de Paulo Coelho o tenha feito associar os dois fatos, mostrando-lhe então o quão "errado" ele estava em seguir "os passos da Besta". Mais isso é apenas mera especulação. Devemos sempre lembrar que todos têm direito de optar pelo que melhor lhes parecer. Alguns anos depois o novo Paulo Coelho se transformaria no mundialmente famoso escritor que todos conhecem. Não há lei além de faze o que tu queres e Paulo Coelho fez o que realmente quis.
Aqueles que conhecem esta parte da história do hoje famoso mago, sabem o quanto esta fase marcou o escritor que se formava. Esses também especulam qual é a verdadeira origem do seu conhecimento que, fragmentado e diluído, habita alguns de seus Best-sellers, além, é claro, do que significaria sua Ordem de RAM (também especulando, é curioso observar que a palavra inglesa RAM é designativa para Áries, Carneiro ou ainda de Bode Montês - nesse caso, o Trunfo XV do Tarot de Crowley).
Raul Seixas, por sua vez - que nunca quis vinculo formal com qualquer organização de cunho thelêmico - seguindo o exemplo de praticamente todos os estudantes de thelema daquela época os quais ainda guardavam uma réstia de bom senso, rompeu definitivamente contato com Motta. Raul Seixas, entretanto, seguiu de modo independente e anárquico, características bem próprias a sua fantástica personalidade, a divulgar a Lei de Thelema e a genialidade de Crowley. E assim, através de seus próprios méritos, ele se consagrou, e mesmo hoje, após sua precoce morte ele continua como uma agradável e inspiradora lembrança, bem vívida na mente daqueles que amam a obra do sempre eterno maluco beleza.
Para muitos esse foi o fim do sonho da Sociedade Alternativa, para outros entretanto, seu verdadeiro início...
Quanto a Marcelo Motta, a partir de 1974 ambos, Raul Seixas e Paulo Coelho, não mais se relacionariam com ele (e nem com ninguém associado a Lei de Thelema). Motta, por sua vez, como sempre acontecia em relação a seus "ex-discipulos" (ou a qualquer pessoa) que faziam sucesso, não os poupou de sua insana ira. Especificamente sobre o nosso queridíssimo Raul Seixas, valerá deixar as palavras do próprio Motta sobre ele, com a referida fonte bibliográfica. As palavras que seguirão abaixo são do próprio Marcelo Motta falando na terceira pessoa:
"Raul dos Santos Seixas: Cantor e compositor popular brasileiro. Foi em certo tempo um Probacionista de Marcelo Ramos Motta. Tentou USAR Crowley para sucesso pessoal, MACAQUEANDO os Beatles. Por sua própria requisição escreveu varias músicas tendo Motta como seu letrista. Tentou ROUBAR as letras e expurgou varias de suas letras, CURVANDO-SE a censura governamental. Cortou contato com ele."
Num simples e curto parágrafo, o Raul (logo o Raul!) é acusado de "usar" o Crowley para sucesso pessoal, de se submeter a censura (quem o conheceu pode atestar o que o Raul achava da censura... e salvo me engano, a única musica do Raul que foi de fato censurada foi o debochado "Rock das Aranhas"...), além dele ser chamado publicamente de macaco e de ladrão. Enfim, o Motta seguiu, processando e caluniando o Raul, da mesma forma como fez com tantos outros. Contudo, como praticamente tudo feito por Motta isso não deu em nada...
Marcelo Motta faleceu prematuramente aos 56 anos de idade, em 27 de agosto de 1987, sozinho, em Teresópolis, cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro. Raul Seixas faleceu em 21 agosto de 1989. Paulo Coelho continua sendo um sucesso e hoje ocupa a Cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras.
Paulo Coelho, então em contato com Marcelo Ramos Motta (1931-1987), tomava suas primeiras instruções sobre Crowley e a Lei de Thelema. O fascínio pela filosofia desenvolvida pelo controvertido mago Inglês, não tardou a contagiar o promissor jovem escritor que, logo em seguida, a apresentaria a Raul Seixas. A vida e a obra dos dois foram fortemente marcadas por este período.
Motta, então, escreve para um de seus discípulos, pedindo para que este se responsabilizasse pelo desenvolvimento de Paulo Coelho, tanto na A.'.A.'. quanto na sua particular versão da "O.T.O.". Marcelo Motta também comporia algumas músicas em parceria com Raul Seixas e Paulo Coelho. Entre as mais famosas estão as belas "A Maçã", "Tente Outra Vez" e "Novo Aeon" (essa ultima em parceria com Cláudio Roberto).
Paulo Coelho, seguindo a orientação de Motta, estabelece contato com a pessoa indicada e esta o aceita como Postulante e Estudante da Lei de Thelema. A significativa troca de correspondência entre Paulo Coelho e seu novo Instrutor durante o período 1973-74 nos dá a certa medida do entusiasmo e dedicação com que Paulo Coelho, desenvolvendo seus estudos, também tomava para si a responsabilidade de divulgação da Obra do controvertido mago Aleister Crowley. Este trecho de uma carta de Paulo Coelho, datada de 26/03/74, nos dá uma idéia de seu entusiasmo, bem como seu envolvimento com a filosofia thelêmica: "... como tomamos [Paulo e Raul] Crowley, principalmente Liber OZ, como base de um estudo social a que nos propomos, gostaria de ouvir e ser constantemente orientado por vocês no sentido de não comprometer nada, falando demais ou falando errado. Informe urgentemente como devemos continuar agindo na divulgação de todos os nossos ideais e nossas idéias."
Seu treinamento mágico teve início formal em 01/01/1974. Em seguida, Paulo Coelho seria admitido na versão pessoal de Motta da "O.T.O.", assumindo como Mote Mágico (ou nome mágico) "Frater Staars". Raul Seixas e Paulo Coelho, inspirados pela Lei de Thelema e pela Obra de Aleister Crowley, também formulariam um movimento que ficou conhecido com A Sociedade Alternativa, cujo hino, a música que leva o mesmo nome, é a própria declaração da Lei de Thelema.
Paulo Coelho, bem mais organizado que Raul Seixas, seguia firme com suas práticas e estudos thelêmicos. No dia 19 de maio de 1974, Paulo Coelho formaliza seu Juramento ao Grau de Probacionista, sendo admitido na A.'.A.'. com o Mote Mágico "Frater Luz Eterna - 313" (e não "Lúcifer", como erroneamente divulgado por certos autores nacionais). Junto a seu Juramento, envia uma carta em que seus ideais ficam expostos de forma bem clara. Nela, Paulo Coelho diz o seguinte:
"Continuamos a divulgar de todas as formas o Liber OZ, [...] A Sociedade Alternativa continua com o sucesso de sua caminhada no sentido de construir as bases sociais para uma verdadeira civilização thelêmica."
No entanto a eternidade de sua luz na senda thelêmica, bem como sua certeza de propósitos em relação a esta filosofia de vida, não iriam durar muito tempo: ironicamente, esta seria sua última missiva dirigida a seu Instrutor. Cinco dias depois, na sua famosa "noite negra do dia 24", Paulo Coelho, junto a outros "subversivos", é preso pela polícia do exército. Sim, ele de fato viu o "diabo" e, muito embora estes não possuíssem rabos pontudos nem chifres e usassem o verde oliva no lugar do vermelho, esse seria - segundo o pouco criterioso modo thelêmico de avaliação - o fim de sua carreira mágica, pelo menos naquilo que diz respeito a Thelema. Na verdade, como um exame mais inteligente demonstraria, este foi o início de sua realização tanto mágica quanto pessoal.
Na época, contudo, provavelmente a forte formação cristã (católica) de Paulo Coelho o tenha feito associar os dois fatos, mostrando-lhe então o quão "errado" ele estava em seguir "os passos da Besta". Mais isso é apenas mera especulação. Devemos sempre lembrar que todos têm direito de optar pelo que melhor lhes parecer. Alguns anos depois o novo Paulo Coelho se transformaria no mundialmente famoso escritor que todos conhecem. Não há lei além de faze o que tu queres e Paulo Coelho fez o que realmente quis.
Aqueles que conhecem esta parte da história do hoje famoso mago, sabem o quanto esta fase marcou o escritor que se formava. Esses também especulam qual é a verdadeira origem do seu conhecimento que, fragmentado e diluído, habita alguns de seus Best-sellers, além, é claro, do que significaria sua Ordem de RAM (também especulando, é curioso observar que a palavra inglesa RAM é designativa para Áries, Carneiro ou ainda de Bode Montês - nesse caso, o Trunfo XV do Tarot de Crowley).
Raul Seixas, por sua vez - que nunca quis vinculo formal com qualquer organização de cunho thelêmico - seguindo o exemplo de praticamente todos os estudantes de thelema daquela época os quais ainda guardavam uma réstia de bom senso, rompeu definitivamente contato com Motta. Raul Seixas, entretanto, seguiu de modo independente e anárquico, características bem próprias a sua fantástica personalidade, a divulgar a Lei de Thelema e a genialidade de Crowley. E assim, através de seus próprios méritos, ele se consagrou, e mesmo hoje, após sua precoce morte ele continua como uma agradável e inspiradora lembrança, bem vívida na mente daqueles que amam a obra do sempre eterno maluco beleza.
Para muitos esse foi o fim do sonho da Sociedade Alternativa, para outros entretanto, seu verdadeiro início...
Quanto a Marcelo Motta, a partir de 1974 ambos, Raul Seixas e Paulo Coelho, não mais se relacionariam com ele (e nem com ninguém associado a Lei de Thelema). Motta, por sua vez, como sempre acontecia em relação a seus "ex-discipulos" (ou a qualquer pessoa) que faziam sucesso, não os poupou de sua insana ira. Especificamente sobre o nosso queridíssimo Raul Seixas, valerá deixar as palavras do próprio Motta sobre ele, com a referida fonte bibliográfica. As palavras que seguirão abaixo são do próprio Marcelo Motta falando na terceira pessoa:
"Raul dos Santos Seixas: Cantor e compositor popular brasileiro. Foi em certo tempo um Probacionista de Marcelo Ramos Motta. Tentou USAR Crowley para sucesso pessoal, MACAQUEANDO os Beatles. Por sua própria requisição escreveu varias músicas tendo Motta como seu letrista. Tentou ROUBAR as letras e expurgou varias de suas letras, CURVANDO-SE a censura governamental. Cortou contato com ele."
Num simples e curto parágrafo, o Raul (logo o Raul!) é acusado de "usar" o Crowley para sucesso pessoal, de se submeter a censura (quem o conheceu pode atestar o que o Raul achava da censura... e salvo me engano, a única musica do Raul que foi de fato censurada foi o debochado "Rock das Aranhas"...), além dele ser chamado publicamente de macaco e de ladrão. Enfim, o Motta seguiu, processando e caluniando o Raul, da mesma forma como fez com tantos outros. Contudo, como praticamente tudo feito por Motta isso não deu em nada...
Marcelo Motta faleceu prematuramente aos 56 anos de idade, em 27 de agosto de 1987, sozinho, em Teresópolis, cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro. Raul Seixas faleceu em 21 agosto de 1989. Paulo Coelho continua sendo um sucesso e hoje ocupa a Cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras.
Trecho retirado de: www.artemagicka.com
Canto para minha Morte
Raul Seixas
Composição: Raul Seixas / Paulo Coelho
Eu sei que determinada rua que eu já passei
Não tornará a ouvir o som dos meus passos.
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir.
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar
Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.
Existem tantas… Um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto,
A anestesia mal aplicada,
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio…
Oh morte, tu que és tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem.
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem,
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite…
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida
um fraterno abraço,
Mago Dam
Mago Dam
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