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"EU NÃO PREVEJO O FUTURO, EU PREVINO SOBRE O FUTURO!" - MAGO DAM

Budismo

Mais do que uma religião, o Budismo é uma filosofia. Surgiu há cerca de 2500 anos, na região que hoje corresponde ao Nepal. Atualmente, é uma das religiões que mais conquista adeptos, e já ultrapassou a casa dos 200 milhões de fiéis, espalhados pelo mundo inteiro.

A época de Sidarta

Por volta de 560 a.C, a Índia era dividida em pequenos reinos. O reino de Sakya localizava-se entre o norte da Índia e as montanhas do Himalaia, ao sul do atual Nepal. Sakya era governada pelo rei Shuddhodana que era casado com sua prima, Maya. Obedecendo aos costumes da época, ela estava a caminho de sua terra natal, a fim de dar à luz seu filho e, chegando no Jardim de Lumbini, entre as cidades de Devadaha e Kapilavastu, o menino veio a nascer, e recebeu o nome de Sidarta Gautama.

Maya faleceu uma semana após o nascimento Sidarta, este passou a ser cuidado por sua irmã, Mahaprajapati. Consta que os oráculos, ao verem o menino, diferente das pessoas comuns, ostentando diversos sinais de excelência em sua fisionomia, profetizaram que o príncipe se continuasse no reino seria um grande rei.

Contudo, tomando o caminho de asceta, seria o BUDA, salvador do mundo.
O rei, seu pai, acalentava o sonho de que Sidarta se tornaria o rei Tenrin, por isso ensinou-lhe todas as formas de letras e artes marciais disponíveis na época, e em todas elas ele teria demonstrado excelência. Entretanto, Sidarta tinha uma índole meditativa desde berço e, com freqüência, buscava no silêncio seus momentos de reflexão.

O rei, a fim de levantar o ânimo de seu filho, construiu-lhe palácios adequados para as estações de frio, calor e chuvas; procurava diverti-lo com músicas e danças, e até lhe trouxe a linda princesa Yasodhara como sua consorte, com quem teve um filho - Râhulla. Porem, Sidarta não conseguia viver despreocupado como seu pai.

Não podia receber de braços abertos os prazeres da vida. Começava a raciocinar profundamente sobre si mesmo e seu próprio reino e o triste destino de toda a humanidade.

Quando saía a passeio pelo portão do palácio até o bosque real, consta que ora se encontrava com um velho decrépito, sem forças, à beira da estrada, ora com um doente sofrendo de dores; em outras ocasiões, deparava-se com funerais onde os acompanhantes choravam a morte de parentes; e com monge que transmitia extrema pureza. Ainda que esta história, "Saída dos Quatro Portões" possa eventualmente ser lenda, ilustra bem seu interesse pela humanidade despertado em seu coração.

Como poderia ele mesmo, bem como a humanidade, superar esse destino - este foi o assunto que dominou sua mente dia e noite e que, afinal, determinou sua decisão de deixar o palácio real. Com receio justificado de enfrentar resistência palaciana, saiu à revelia, na calada da noite. Alcançando a fronteira, mandou de volta o criado e o cavalo, ordenando que transmitisse sua decisão ao seu pai, o Rei.

Houve tristeza no palácio. Mas, cientes da decisão inabalável do príncipe, não ouve outra alternativa senão aceitar a sua vontade. Conforme documentos antigos, dignos de confiança, Sidarta teria 29 anos nessa ocasião.

Durante seis anos, Sidarta praticou o ascetismo chegou a experimentar os métodos mais violentos de asceticismo, considerados impossíveis para pessoas normais, a ponto de noticiarem a sua morte. Não foi possível, porém, alcançar qualquer sentimento de Iluminação. O que soube através dessa experiência é que castigar o corpo, até chegar próximo da morte, não proporciona a paz espiritual. Pelo contrário, poderia perturbar o espírito. O que significa dizer que, a paz de espírito só se atinge através do corpo sadio e perfeito. Ele percebeu que o próprio fato de procurar o estado de Iluminação através da prática do asceticismo, que beira a morte, é uma espécie de "apego". O "apego" em si, já prejudica a paz espiritual. E compreendeu que a vida palaciana e a vida ascética são dois extremos; o ideal é seguir um caminho intermediário, o caminho do meio.

Assim, abandonou o asceticismo praticado até então. Lavou e purificou o
corpo em águas límpidas da correnteza próxima, alimentando-se de papa de arroz com leite, oferecido, por uma senhora da aldeia. Seu corpo, extremamente enfraquecido, recuperou-se aos poucos.

Alcançar a Iluminação

Com a força física recuperada, Sidarta foi para uma região onde os iluminados do passado atingiram o despertar. Sentou-se em postura de meditação sob a árvore Bodhi, que passou a ser conhecida como figueira pipal (fícus indica), jurando para si mesmo que só se levantaria após atingir a iluminação.

Primeiro Sidarta lembrou-se de suas incontáveis vidas passadas; depois, ele viu o processo de renascimento de todos os seres; finalmente, ele alcançou a Verdade última de todos os fenômenos.

Estava na ocasião, com 35 anos de idade.

Sidarta realizou sua própria natureza búdica e, conseqüentemente, compreendeu o que era o KARMA, sua causa, sua extinção e o meio para extingui-lo. Sidarta conseguiu alcançar a iluminação e passou a ser conhecido como o Iluminado - BUDA. Sendo chamado respeitosamente de Sakyamuni Buda. (Sakya - é originalmente, o nome de uma tribo; Muni - significa pessoa santa, portanto, Sakyamuni = pessoa santa originária da tribo dos Sakyas)

Sendo assim, a essência e o objetivo do budismo de Sakyamuni Buda é extinguir o KARMA.

Consta que ele, ao se tornar Buda, continuou a meditar por mais sete semanas em sinal de alegria por ter alcançado a Iluminação, com o objetivo de fazer uma retrospecção sobre o seu conteúdo e obter considerações acerca do método de como realizar pregações aos homens.

Nesse intervalo, considerando a imensa profundidade dessa recém descoberta Verdade, imaginou que seria impossível para os homens, mergulhados nos interesses terrenos, compreende-la, e chegou a pensar até em abandonar a sua difusão.

Reconsiderando o seu pensamento, concluiu que poderia haver alguém com capacidade para entender a Verdade e, ainda, os que poderiam aceita-la, dependendo da maneira como fosse explicada, decidiu assumir o caminho do apostolado.

Então BUDA começou então expor seus ensinamentos o DHARMA, atraindo milhares de discípulos.

Na sua primeira pregação, BUDA falou das Quatro Nobres Verdades e o Nobre Caminho do Óctuplo, dogma fundamental do budismo.

Os ensinamentos do BUDA não se restringiam aos campos religiosos e filosóficos. Sakyamuni Buda era conhecido pela sua grande compaixão e pela sua disciplina pura.

A sua Morte

Após proferir suas instruções finais, ele entrou em um estado de profunda meditação e alcançou o NIRVANA (estado espiritual de suprema paz, onde não acontece mais a reencarnação, havendo assim a liberação final).

Com isso, Sakyamuni teve sua vida encerrada com 80 anos numa cidade do interior chamada Kusinâra (Kusingara), situada entre o reino dos Sakyas e o de Magadha.

O seu corpo depois de cremado, teve os seus restos (shari) divididos em oito partes entre reis e tribos com os quais manteve próximo em vida.

Cada uma das regiões resolveu edificar uma torre (sharitô) a fim de cultua-lo. A relíquia descoberta em Pippalaguha também seria uma delas.

As pessoas que estimavam Sakya, não só cultuavam as torres de shari, como também veneravam os restos de seus cabelos, dentes, pegadas, a tigela para mendicância usada por ele. Cultuavam também a árvore Bodhi. E, além disso, o jardim de Lumbini onde ele nasceu, Buddhagaya, onde se iluminou; o Jardim das Gazelas de Benares, terra onde iniciou as suas primeiras pregações; e Kusinâra, terra do seu falecimento, que são consideradas as quatro maiores terras santas, têm sido alvo de peregrinação dos seus seguidores laicos e monges. Este costume vem sendo cultuado até hoje e recebe numerosas visitas de peregrinos budistas.
Com relação à data de morte de Sakya, há cerca de três versões:

1º - entre 544-543 a.C.

2º - cerca de 480 a.C.

3º - cerca de 380 a.C.

A segunda versão é adotada, de forma geral e ampla, no Japão e também no Ocidente. Como Sakyamuni teria falecido aos 80 anos, a data do seu nascimento situar-se-ia em torno de 560 a.C.

Posteriormente ao falecimento de Sakyamuni, o DHARMA - doutrina ensinada por ele durante toda sua vida, foi compilado numa sutra denominada SUTRA ÁGAMA (sânscrito - ágama, páli - nikaya) (que corresponde à Bíblia Sagrada dos Cristãos). Nesse sutra, BUDA deixou registrada a maneira para extinguir o KARMA.



Após a morte de Buda, formaram-se três correntes budistas.

1.Theravada - Budismo transmitido para o Sul - Sri Lanka, Tailândia, Miyanma, Laos Camboja, Vietnã - "Caminho dos mais Velhos". (O Cânon Páli, principal texto dos budistas Theravada)

2.Mahayana - Budismo transmitido para o Norte - China, Península Coreana, Japão - "Grande Veículo".

Tipos de Budismo Mahayana populares na China e no Japão:

Zen - Espécie de Budismo que busca atingir a iluminação através da meditação. Seu aprendizado inclui a prática da poesia, pintura e das artes marciais.
Terra Pura ou Pure Land - Ramo que reverencia Amitabha, o Buda da luz divina, senhor de um mundo de maravilhas e paz chamado "Terra Pura - Pure Land".

Tibetana - Budismo transmitido para o Leste - É o Vajrayana , difundido na Índia. De forte base tântrica, de práticas de magia e fórmulas mântricas.
No século XIII o budismo tibetano, assim como o budismo como um todo, foi praticamente destruído na Índia com o advento das invasões muçulmanas na região.

No final do século XIX, em Piprawar, no reino dos Sakyas, foi descoberto um vaso contendo os restos mortais (shari) de Sakyamuni.

Pelo texto gravado em escrita antiga na tampa deste vaso, comprova-se a real existência de Sakyamuni, que teria vivido antes do século III a.C. Uma parte dos restos mortais (shari) de Buda que estava nesse vaso foi levada para Japão, onde vem sendo cultuada.

O Budismo de Nitiren Daishonin

O Budismo de Nitiren Daishonin fundamenta-se na afirmação de que todas as pessoas têm o potencial de atingir a iluminação. Esta idéia é a epítome do Budismo Mahayana, uma das duas principais divisões do Budismo. Surgiu na Índia após a morte de Sakyamuni, através de um movimento de popularização dos ensinos do Buda. Seus discípulos não se isolaram da sociedade como alguns grupos budistas anteriores. Ao invés disso, lutaram para a propagação em meio ao povo e para auxiliar as outras pessoas no caminho da iluminação. Portanto, Mahayana é caracterizado pelo espírito de benevolência e altruísmo.

O Budismo Mahayana foi introduzido na China, onde deu origem a várias seitas. Uma das mais importantes foi fundada por Tientai (538- 597), conhecida como seita Tendai. Esta ensina que o Sutra de Lótus é o mais alto de todos os sutras Mahayana e que todas as coisas, tanto animadas como inanimadas, possuem um potencial dormente para a iluminação. Esta doutrina resultou na teoria conhecida como "Itinen Sanzen". As doutrinas da seita Tendai foram mais tarde desenvolvidas e sistematizadas por Miao-lo (711-782), o nono chefe religioso da seita.

O Budismo de Tientai foi introduzido no Japão no Século IX por Dengyo Daishi que havia estudado sua doutrinas na China. Mais tarde, no século XIII, Nitiren Daishonin estudou no Monte Hiei. o centro da seita Tendai no Japão, e veio a entender que o Sutra de Lótus constitui a essência de todo o Budismo. Logo depois, começou a pregar o conteúdo do que havia descoberto.

De acordo com seu ensinamento, as funções de todo o universo estão sujeitas a um único princípio ou lei. Através da compreensão desta lei, a pessoa é capaz de libertar o potencial oculto de sua própria vida e atingir a harmonia perfeita com o seu ambiente.

Nitiren Daishonin definiu a lei universal como Nam-myoho-rengue-kyo, uma fórmula que representa o fundamento do Sutra de Lótus e é conhecida como Daimoku. Além disso, ele deu concreção à lei, inscrevendo-a num pergaminho - Gohonzon - para que as pessoas pudessem colocar a essência da sabedoria budista em prática e desta forma atingir a iluminação. No tratado intitulado "O Verdadeiro Objeto de Adoração", ele concluiu que crendo e orando Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon, que é a cristalização da lei universal, revelar-se-á a natureza de Buda inerente em todos os indivíduos.

Todos os fenômenos estão sob a infalível lei de causa e efeito. Conseqüentemente, o estado de vida de um ser - seu destino, em outras palavras é a conseqüência de todas as causas prévias. Através da oração do Nam-myoho-rengue-kyo, a pessoa está criando a causa suprema, que pode compensar os efeitos negativos do passado.

A iluminação não é mística nem transcendental como muitos supõem. Antes, é uma condição de máxima sabedoria, vitalidade e boa sorte, na qual o indivíduo pode moldar o seu próprio destino, encontrando plenitude nas atividades diárias e entendendo a missão de sua vida.

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