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Estigmas: Problema para a Indagação Científica

Neste artigo:

Os estigmas vêm intrigando médicos e cientistas há séculos, sem que haja uma explicação para este fenômeno que os satisfaça. Do ponto de vista religioso, trata-se de uma manifestação das chagas de Cristo sobre o corpo de algumas pessoas que se tornaram santas, pela sua extrema fé. Para médicos mais céticos, não passa de uma reação psicossomática provocada pela mente.

O que são Estigmas?

Estigmas são marcas das cinco chagas da paixão de Cristo, que aparecem sobre o corpo de alguns santos extáticos (sujeitos a êxtases), geralmente seguidas de sofrimentos físicos e morais que recordam aqueles de Jesus. A etimologia da palavra vem do grego e do latim, stigma, e significa marca, sinal, ferrete (marcado a fogo), cicatriz que deixa uma chaga, que também pode ser atribuída aos estigmas da varíola. (Larrousse Cultural - Vol. X.).

De acordo com o Dicionário Céptico, baseado no Skeptic’s Dictionary, publicado na web por Robert Todd Carroll e traduzido por Antônio Inglês e Ronaldo Cordeiro, filiados a Rede Brasileira de Racionalistas, estigmas são feridas que surgem nas mãos e pés, às vezes nos flancos e cabeça, duplicando os ferimentos da crucifixão de Cristo e não devem ser confundidos com as representações de crucifixão que acontecem nas Filipinas toda sexta-feira santa. Segundo este Dicionário, Todos os mais ou menos 32 casos registrados de estigmas foram de Católicos Romanos, e todos, com exceção de quatro, eram mulheres. Não se conhece nenhum caso de estigmas que tenha acontecido antes do século XIII, quando Jesus crucificado se tornou um símbolo padrão do cristianismo no ocidente. O Dicionário Céptico dedica-se a dar definições, argumentos e escrever ensaios sobre assuntos relacionados ao sobrenatural, oculto, paranormal e pseudocientífico, sob o ponto de vista cético. O artigo sobre estigmas foi atualizado pela última vez em 14 de maio de 2000.

Entendimento Cristão

A Igreja Católica entende que a paixão de Cristo está sempre viva entre os cristãos, sendo mesmo causa de conversões e que, através dos séculos Cristo quis reproduzir, em pessoas privilegiadas, as marcas de sua paixão. (Lorenzo Petri In Padre Pio di Pietrelcina - Cenni Biografici). Para a Igreja, em alguns casos, estas marcas são internas, invisíveis, mas determinam, da mesma forma, grandes sofrimentos. As pessoas privilegiadas, a que a Igreja se refere, seriam os santos que, em vida, buscaram verdadeira identificação com Cristo e seu sofrimento físico e moral, no momento de sua paixão e morte.



Os Estigmatizados, Segundo a Tradição Cristã

O primeiro grande estigmatizado, o homem que mais se aproximou de Cristo, na terra, foi São Francisco de Assis (1182-1226). Segundo seus biógrafos, como René Fülöp Miller, em Os santos que abalaram o mundo, São Francisco teve essas marcas por dois anos. Seus contemporâneos se referiam a lacerações de vasos e tecidos que nunca inflamaram ou supuraram e se admiravam com o fato de que, apesar das fortes dores e perda de sangue, ele se mantivesse vivo, nesses dois anos (Obra citada sobre o padre Pio). Em uma visão mais desconfiada, como a do Dicionário Céptico, São Francisco teria infringido ferimentos a si próprio e deveria ser considerada a primeira fraude estigmática, sendo seguido por centenas de outros, entre os quais, cita o Dicionário, Magdalena de la Cruz (1487-1560), da Espanha, que teria admitido a fraude quando ficou seriamente doente, e Therese Neumann, da Bavária (1898 – 1962), que teria, conforme relatos, sobrevivido por 35 anos comendo o pão da Santa Eucaristia nas missas, todas as manhãs.

Um dos estigmáticos mais recentes, segundo o Dicionário Cético, é o Fr. James Bruce, que não só afirmou ter as feridas de Cristo, como também que estátuas religiosas choravam em sua presença. De acordo com o Dicionário, este fato ocorreu em 1992, em um subúrbio de Washington, D.C., onde coisas estranhas são comuns. Nem é preciso dizer que ele lotou os bancos da igreja. Atualmente, administra uma paróquia na região rural da Virgínia, onde os milagres cessaram, denuncia o Dicionário.

Outros estigmatizados, citados no Larousse Cultural: Ana Catarina Emmerick e Tereza Neumann.

Mais recentemente, talvez mais interessante devido à proximidade no tempo, é o fenômeno do padre Pio, capuchinho, natural da pequena cidade de Pietrelcina, na Itália. Levou os estigmas nas mãos, pés e tórax, de 1919 a 1968, por quase cinqüenta anos, portanto.

O Padre Pio

Lorenzo Petri, comentarista e contemporâneo do padre Pio, cuja biografia escreveu durante a vida do último, nunca lhe perguntou como apareceram os estigmas. Achava que se tratava de algo muito íntimo. Acredita, entretanto, que tenha sido num momento de êxtase, num contato, por assim dizer, direto, com a divindade. Fala ainda, que padre Pio os teve primeiro, internamente, com dores fortes, por um ano: a começar de 20 de setembro de 1918, até junho de 1919, quando foram constatados externamente.

Em algumas fotografias do Padre Pio jovem, podem ser vistas essas marcas estigmáticas nas mãos. Depois de um certo tempo, entretanto, várias fotografias mostram-no com uma espécie de luva cinzenta, que deixava à vista, apenas, os dedos. Os médicos achavam estranho, também, que tais ulcerações fossem em lugar de pele dura, como as mãos e os pés.



Os Estigmas e a Ciência

O Dr. Jorge Festas, em Mistérios da ciência e luz da fé e o Dr. Lefebure em Étude médicale III, article I Louvain, o Pe. Auguste Poulain em Traité de théologie mystique, foram alguns dos cientistas que opinaram sobre estigmas. Buscavam eles concluir se tratava de sugestões de mente exaltada, ou se provinham de estados de hipnose, já que achavam que, em estado normal, uma pessoa não produziria tais chagas em seu próprio corpo. Foram feitas, sempre de acordo com o seu biógrafo, testes, na presença de outros facultativos, em duas pessoas. Não conseguiram provar o que esperavam e afirmaram que, cientificamente, não achavam explicação para tais fenômenos. Tais experiências são citadas por Berheim em Da sugestão, parte I.

Foi feita também, uma análise comparativa entre o que apuravam nessas pessoas e os estigmas do padre Pio. Segundo o livro do biógrafo, No caso do experimento de Nanci, houve confusão entre a hemorragia estigmática e uma doença especial, que às vezes ocorre nos nefropatas. A conclusão é que não há analogia entre os dois casos. Também porque as primeiras eram lesões de tecidos, aparecidas espontaneamente, com um fluxo hemorrágico sempre fresco e vermelho, não apenas vermelhidões e inchaços. As primeiras chegaram a durar anos, não cicatrizaram com medicamentos hemostáticos; as outras foram passageiras. As primeiras não sofriam processo de decomposição; apresentavam-se inalteradas, por anos, e não exalavam mau cheiro, enquanto as outras sofriam processo normal de cicatrização.

Os suores sangüíneos, com os quais se quiseram explicar os fenômenos dos estigmas, eram provenientes da dilatação de tecidos e filtravam um líquido, com características diferentes do sangue. Não eram localizados e não formavam chagas. Está a ciência talvez, diante de um mistério a pesquisar e opinar. Parafraseando Shakespeare: Há mais coisas entre o céu e a terra do que entende a nossa vã filosofia.

Atualmente fica difícil obter esta opinião médica sobre o assunto, pois que, há muitos anos, não se tem notícia de qualquer pessoa que tenha sobre si essas marcas. Também não se tem notícia de qualquer estigmata no Brasil. Não haveria, pois, como submetê-las a exame científico conclusivo, usando-se de técnicas modernas e o conhecimento atual, seja médico, seja psicológico.

De acordo com o Dicionário Céptico, de Robert Todd Carroll e traduzido por Ronaldo Cordeiro, os ferimentos auto-infligidos são comuns entre pessoas com certos tipos de distúrbios mentais, mas afirmar que as feridas são milagrosas é raro, e se deve mais provavelmente à religiosidade excessiva do que a um cérebro doente, embora ambos possam estar atuando em alguns casos. Neste artigo, defende-se a idéia de que os estigmas são, mais provavelmente, feridas de ordem psicossomática, manifestações de almas torturadas, embora a explicação preferida seja de que estas feridas tenham sido auto-infligidas, uma vez que, segundo o artigo do Dicionário Céptico, nenhum estigmático manifesta seus ferimentos do princípio ao fim na presença dos outros, só começando a sangrar quando não estão sendo observados.

A defesa de que as chagas de Cristo apareçam por influência psicossomática ganha força nos dias de hoje, em que admite-se, no mundo médico, que muitas doenças, até mesmo o câncer, sejam induzidas pelo inconsciente. Um desejo profundo de identificação com uma figura idealizada, como a de Cristo, poderia levar estas pessoas a apresentar tais marcas, sem que isso seja uma decisão consciente. Deste ponto de vista, as chagas não poderiam ser tratadas como fraude, mas como um distúrbio de ordem psíquica.


Stigmata

Do neutro latino, já referido anteriormente, quer dizer estigmas. O tema talvez não esteja sepulto na mente das pessoas, já que ainda este ano, o filme que leva o nome Stigmata foi amplamente divulgado em alguns jornais e cinemas, no Brasil, e refere-se à cabeleireira Frank Paige, com vida normal, até que uma série de fenômenos paranormais começam a acontecer: sangramentos na cabeça, mãos e pés, como as chagas de Cristo na cruz. Um padre, também cientista, que a conhece, se interessa pelo assunto, vivendo duas abordagens de vida contraditórias. Um cientista apoia-se nos fatos para provar a existência de algo, enquanto um padre apoia-se na fé. A luta entre a fé e a razão é constante, segundo o próprio artista que faz o personagem, Gabriel Birmy.

Ao que parece, continua assim, aberto o problema para a indagação científica.

Uma vez que sob um estado profundo de hipnose, também pode-se conseguir a produção de dermografia (escritas sob a pele).

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